quarta-feira, 16 de abril de 2014

Começam as obras de projeto de urbanização que vai beneficiar 1,2 mil famílias no Cajuru em Curitiba

A Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) deu início às obras de urbanização da Vila Acrópole, ocupação irregular localizada no bairro Cajuru onde residem cerca de 4 mil pessoas. Das 1.220 famílias cadastradas, 235 em situação precária dentro da faixa de preservação do rio Atuba serão transferidas para novas casas. As demais 985 serão atendidas com obras de pavimentação e drenagem, além da regularização fundiária.
A maior parte dos recursos para a realização do projeto serão financiados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), R$ 17,6 milhões. Para complementar a intervenção também serão investidos mais R$ 669 mil do Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social (FMHIS).
Na primeira fase, a intervenção vai garantir a infraestrutura do local. Máquinas estão trabalhando na implantação da rede de drenagem para resolver o problema de enchentes na região. Estão sendo instalados mais de nove quilômetros de galerias pluviais. Em seguida serão pavimentadas as vias que ainda são de saibro, totalizando quase cinco quilômetros.
Para assegurar a transferência dos moradores que estão dentro da área de risco será construído um novo empreendimento habitacional - o Moradias Alamanda, com 75 unidades. Outras 99 novas casas serão construídas em lotes vagos na própria Vila Acrópole. O reassentamento de moradores em condição insalubre será completado com a construção do conjunto Moradias Irati, composto por 61 moradias, das quais 21 já foram entregues.
“Deste modo as famílias preservam o vínculo que possuem com o local, pois moram ali há muitos anos. Porém, não mais viverão de maneira precária. Vamos garantir a elas uma estrutura que possibilite melhor qualidade de vida”, afirma o presidente da Cohab, Ubiraci Rodrigues.
Após a transferência das famílias para as novas moradias, as margens do rio que estavam habitadas irregularmente receberão obras de recuperação ambiental. Será restaurada uma área com extensão de 750 metros, nos quais haverá plantio de grama e mais de mil mudas de árvores nativas.
Na área desocupada também serão implantadas três canchas de futebol, um parquinho infantil, quatro locais para descanso e 600 metros de calçada compartilhada para pedestres e ciclistas.
Expectativa
A dona de casa Vera Lúcia da Silva, de 41 anos, conta que já entrou água dentro da sua casa por várias vezes, nos seis anos em que vive no local. “É aquela correria para erguer todas as coisas por medo de perder o pouco que temos”, diz. Ela, o marido e os quatro filhos estão aguardando a construção do Moradias Irati para poderem melhorar de situação.
De acordo com ela, o problema das enchentes, apesar de grave, não é o que mais assusta. “Como junta muita sujeira tem bastante rato. Já tivemos aqui na vizinhança casos de leptospirose, então tenho medo de que minhas crianças peguem a doença”, afirma.
O coletor de materiais recicláveis Manoel Martins, de 64 anos, mora há dez na vila Acrópole, em uma frágil casa de madeira. No mesmo terreno vivem três famílias, cada uma em sua precária moradia. Manoel vive com a esposa e dois filhos.
A mais nova, Jaqueline, de 14 anos, diz que já não aguenta mais. “O cheiro do valetão é insuportável. Chego na escola com o uniforme todo sujo de barro”, reclama. Segundo Manoel, a vida vai melhorar depois da mudança. “Não vejo a hora de ir para uma casa nova, em um lugar melhor. Viver aqui é muito sofrimento. Depois da mudança vamos ter mais sossego para levar a vida”, afirma ele.
A comerciante Daniele Wurmli, de 25 anos, reside fora da faixa de preservação e não precisará ser transferida para uma nova casa, mas também tem motivos para comemorar. A rua onde mora, hoje de saibro, será pavimentada. “Vai ser ótimo, tanto para os moradores como para o comércio local. Do jeito que está é complicado, nem adianta lavar o carro, ou tentar manter a frente da casa limpa. Com ruas asfaltadas nossa vila vai ganhar outra cara”, diz.

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